Música
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Por — Rio de Janeiro

Sujos, feios, malvados (e absolutamente sexy), os Rolling Stones não só estabeleceram o vocabulário musical de todo o rock feito no mundo dos anos 1960 em diante, como criaram a iconografia básica do rockstar. E, de todos os integrantes e ex-integrantes, vivos ou não, o guitarrista Keith Richards, que chega nesta segunda aos 80 anos de idade, é o que mais identifica visualmente o estilo: cigarrinho no canto da boca, cabelo desgrenhado, jeito displicente, ele é o cara que foi definido pelo semanário “New Musical Express” como “o ser humano mais elegantemente detonado do mundo”.

Em uma banda que decidiu vestir-se de maneira extravagante, Richards extrapolou: casacos de pele de cordeiro persas, botas de pele de cobra, veludo roxo, brincos de dente de tubarão, anel de caveira, maquiagem... ele era o pirata moderno (e não por acaso, anos depois foi o pai de Jack Sparrow na série de filmes “Piratas do Caribe”), era o primeiro dos punks, com sua garrafa de uísque Jack Daniels na mão e um sorriso que revelava uma ocasional falta de dentes. Ele era o heroin chic antes do heroin chic.

Mas, como os próprios Rolling Stones cantaram em uma de suas canções, o tempo não espera por ninguém. E imaginar um Keith Richards velho era quase algo da ficção científica, ainda mais diante do seu colossal consumo de drogas e constantes namoros com o perigo. Só que aconteceu de o stone autodestrutivo chegar aos 80. “Até agora, não tenho nenhum problema real em envelhecer. Existem algumas coisas horríveis que você pode ver no futuro, mas você precisa chegar lá”, admitiu Keith, em entrevista este mês ao jornal “The Telegraph”. “Acho [envelhecer] um processo fascinante. Caso contrário, acho até que seria melhor me matar.”

Mick Jagger e Keith Richards, os parceiros de sucesso e de discórdia nos Rolling Stones, em 1968, desembarcando no porto do Rio de Janeiro — Foto: Agência O Globo
Mick Jagger e Keith Richards, os parceiros de sucesso e de discórdia nos Rolling Stones, em 1968, desembarcando no porto do Rio de Janeiro — Foto: Agência O Globo

Fundador dos Rolling Stones junto com seu amigo de infância Mick Jagger (eles perderam contato quando suas famílias se mudaram e acabaram se reencontrando na juventude, quando Jagger esperava pelo trem com uns discos de Chuck Berry e Muddy Waters debaixo do braço), Keith Richards é, segundo alguns, o verdadeiro líder da banda. Ele próprio, no entanto, diz que seu trabalho é apenas o de “lubrificar o maquinário” no qual o cantor brilha, há mais de 60 anos, como o maior homem de frente da História do rock.

‘Gêmeos brilhantes’

Conhecidos como Glimmer Twins (os “gêmeos brilhantes”), os dois formaram uma parceria de composição e de produção que rendeu inúmeros clássicos, a começar por “Satisfaction”, o rock primal por excelência, cuja inesquecível frase de guitarra veio a Richards num sonho (ele acordou apenas o tempo suficiente para gravar a ideia em um toca-fitas ao lado de sua cama). “Jumping Jack Flash” e “Start me up” foram outros rocks imortais que surgiram da sua guitarra elétrica (ou violão), ao lado de baladas como “Ruby tuesday” , “Wild horses” e “Angie”. Mas o músico nunca se gabou tanto assim de suas criações. “Prefiro pensar que sou uma antena. Há apenas uma música, e Adão e Eva a compuseram; o resto é uma variação de um tema”, disse ele certa vez.

A grande função de Keith Richards na parceria dos Stones, muitos creem, é a de atuar como contraponto sarcástico à eventual megalomania de Mick Jagger. Em 2010, na elogiada autobiografia “Vida” (o guitarrista, por sinal, é um leitor mais voraz e culto do que se imagina), ele falou de como o vocalista poderia ser insuportável e sobre como a banda se referia a Jagger como “Sua Majestade” (nunca desceu bem a Richards o fato de o amigo ter aceitado em 2003 o título de cavaleiro do Império Britânico). Isso, mais seus comentários no livro sobre a “minúscula” genitália do cantor fizeram com que a volta dos Rolling Stones ao palco fosse ameaçada. O guitarrista teve que pedir desculpas. “Eu diria qualquer coisa para reunir a banda. Eu mentiria para minha mãe!”, disse depois.

Apesar de ter sua própria banda, The X-Pensive Winos, e de ter lançado três álbuns solo — Talk is cheap" (1988), "Main offender" (1992) e "Crosseyed heart" (2015) — os Rolling Stones são a menina dos olhos de Keith Richards. De vez em quando, ele até toma o lugar de Mick Jagger nos vocais (em canções como “Happy”), mas sua alegria está na interação, especialmente com Ronnie Wood, que está na banda desde 1975, e com quem ele melhor se deu no trançado das guitarras.

Os Rolling Stones em 1965 (a partir da esq.): Charlie Watts, Brian Jones, Keith Richards, Mick Jagger e Bill Wyman — Foto: AFP
Os Rolling Stones em 1965 (a partir da esq.): Charlie Watts, Brian Jones, Keith Richards, Mick Jagger e Bill Wyman — Foto: AFP

Richards é também quem puxa os Stones de volta às raízes do blues, do folk e do soul (aquelas que dão legitimidade ao rock) frente às investidas de Jagger nas modernidades de cada época. O guitarrista é um tradicionalista assumido, que não suporta rap e tampouco heavy metal. “Gosto de ouvir música de pessoas tocando instrumentos”, avisou ele, um cara muito reverente a ídolos como Chuck Berry, Gram Parsons, Toots and The Maytals e Aretha Franklin (com quem, por sinal, gravou uma reinterpretação de “Jumping Jack Flash”.

Para uma estrela do rock com uma fortuna estimada em 400 milhões de libras (cerca de R$ 2,5 bilhões), Keith Richards leva uma vida quase sem graça — ele passa a maior parte do tempo em uma mansão em Weston, no estado americano de Connecticut, e não tem telefone celular. Há 40 anos, é casado com a ex-modelo Patti Hansen (os aniversários de vida dele e de casamento, eles vão comemorar com a família, na África, em um safári). Com Hansen, Richards tem duas filhas, Theodora (38) e Alexandra (37). Ele também tem dois filhos de um relacionamento anterior de 13 anos com a falecida modelo e atriz Anita Pallenberg: Marlon (54), que foi curador de galeria e fotógrafo, e Dandelion Angela (51), que dirige uma escola de equitação. Netos, são vários, e com todos eles o stone se dá bem.

Sobriedade

Hoje, não resta muito do Keith Richards junkie, aquele que no auge do desvario, em 1973, teve seu apartamento londrino invadido pela polícia, que na festa encontrou heroína, maconha, comprimidos de Mandrax, uma pistola, um rifle e 110 cartuchos de munição (diante de 25 acusações, o guitarrista ainda assim escapou da prisão, com a ajuda de seu advogado) “Abandonei os cigarros em 2019”, disse ele este mês ao “Telegraph”. “Desisti da heroína em 1978. Desisti da cocaína em 2006. Ainda gosto de beber de vez em quando – porque não irei para o céu tão cedo – mas, fora isso, estou tentando gostar de ficar sóbrio. É uma experiência única para mim.”

Ou seja: o junkie se foi, mas sempre pode pintar um pouco do Richards piadista, como aquele que, perguntado em 2007 pelo “New Musical Express” qual era a coisa mais estranha que tinha cheirado, mandou: "Meu pai. Ele foi cremado e não pude resistir a misturá-lo com um pouco de pó. Ele não teria se importado... caiu muito bem e ainda estou vivo.”

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