Saúde Ciência

A Nebulosa do Caranguejo em detalhes inéditos

Astrônomos combinam observações em várias faixas do espectro em busca de informações sobre processos físicos dos restos de explosão de estrela

A combinação das observações da Nebulosa do Caranguejo em ondas de rádio (vermnelho), infravermelho (amarelo), luz visível (verde), ultravioleta (azul) e raios-X (roxo)
Foto:
Nasa/ESA/G. Dubner
A combinação das observações da Nebulosa do Caranguejo em ondas de rádio (vermnelho), infravermelho (amarelo), luz visível (verde), ultravioleta (azul) e raios-X (roxo) Foto: Nasa/ESA/G. Dubner

RIO – Em 1054, astrônomos chineses e em outras partes do mundo registraram o surgimento de uma nova estrela no céu, tão brilhante que durante mais de três semanas pôde ser vista até de dia. Séculos depois, os cientistas associaram o fenômeno a um objeto celeste conhecido como Nebulosa do Caranguejo, na verdade os restos da explosão de uma estrela em uma supernova naquele ano. E agora astrônomos combinaram observações feitas por cinco poderosos equipamentos no espaço e na Terra para revelar detalhes inéditos da nebulosa em busca de mais informações sobre seus processos físicos e de outros objetos semelhantes espalhados pelo Universo.

Realizadas pelo telescópio espacial Hubble, os observatórios espaciais Spitzer, Chandra e XMM-Newton e a rede de radiotelescópios Karl G. Jansky, as observações abrangem uma ampla faixa do espectro eletromagnético, indo das longas ondas de rádio às curtas e energéticas ondas de raios-X, passando pela luz visível, infravermelho e ultravioleta. No caso da rede Janky (rádio), Hubble (luz visível) e Chandra (raios-X), elas foram inclusive feitas quase que simultaneamente em novembro de 2012.

- A comparação destas novas imagens, feitas em comprimentos de onda diferentes, está nos dando muitos novos detalhes sobre a Nebulosa do Caranguejo – diz Gloria Dubner, do Instituto de Astronomia e Física do Espaço da Universidade de Buenos Aires e líder da iniciativa. - Embora a Nebulosa do Caranguejo tenha sido extensamente estudada por anos, ainda temos muito a aprender sobre ela.

Localizada a cerca de 6,5 mil anos-luz de distância da Terra na direção da constelação de Touro, a Nebulosa tem em seu centro uma estrela de nêutrons superdensa que é o que restou da estrela original após sua explosão. Girando uma vez a cada 33 milésimos de segundo, ela emite pulsos periódicos de rádio, luz e radiação, num objeto conhecido como pulsar. Sua forma intrincada é resultado da complexa interação entre o pulsar, os fortes “ventos” de partículas que ele emite e o material ejetado pela estrela enquanto agonizava antes de explodir e pela explosão propriamente dita.