Descortinando a Psicoterapia

Descortinando a Psicoterapia

Talvez não seja novidade para você, que a psicoterapia é uma grande aliada para quem busca a melhora de aspectos emocionais. Além de oferecer auxílio em momentos de aflição, a técnica proveniente da psicologia também permite um maior entendimento frente às questões da vida. Entretanto, novas tendências se anunciam à prática clínica nos tempos atuais, e é sobre isso que esse artigo abordará.

No que diz respeito às abordagens teóricas, por exemplo, é comum hoje que nós psicoterapeutas integremos teorias e práticas, em vez de seguir uma única “escola” ou “linhas” ortodoxas. Portanto, dentro de uma sessão de psicoterapia, o psicólogo pode usar um exercício derivado da terapia Junguiana, uma outra coisa tirada do Behaviorismo, uma outra utilizada na terapia Psicodramática, ou uma concepção clínica da Psicanálise Lacaniana. Já se foi o tempo em que se pensava que era pecado ou uma enorme bagunça usar diversas teorias e técnicas.

A psicologia clínica integra, nos seus 5 a 7 anos de estudo, outras ciências aprofundando o conhecimento do homem a partir de outras esferas. Ciências biológicas, humanas, exatas, neurociência, sociobiologia, psicofarmacologia, neuroimunologia, psicogenética, também filosofia, linguística, sociologia, artes, economia tendo assim uma visão multifacetada do homem. Dessa forma, os psicoterapeutas atuais entendem que as fontes de dificuldades psicológicas são multifatoriais e, assim, desenvolvem tratamentos que podem envolver compartilhamento com vários outros profissionais num trabalho em conjunto.

Desse modo, as psicoterapias atuais não se limitam a um único tipo de tratamento endereçado a um problema específico. Ou seja, hoje as terapias são adequadas a cada problemática. Um mesmo psicoterapeuta pode saber empregar diferentes recursos para problemas diversos ou encaminhar para colegas que tenham aquela especialidade. Há muitas categorias de problemas, e cada um com sua dinâmica: distimia, borderline, fobias, impasses existenciais, crises de relacionamento, timidez, depressão, questões de sexualidade, estresse etc.

Somando-se a tudo isso, as psicoterapias contemporâneas entendem, cada vez mais, que grandes mudanças acontecerão entre as sessões e por isso, aposta num processo contínuo. Embora as sessões ajudem, ter um insight ou ter um entendimento sobre determinada questão nem sempre são suficientes para promover mudanças. Para que estas aconteçam é cada vez mais comum o uso de ferramentas ou aplicativos entre as sessões. O objetivo é que o paciente possa levar a psicoterapia junto consigo e no cotidiano da vida experimentar algumas coisas e testar hipóteses que foram previamente trabalhadas durante a sessão.

O uso dessas ferramentas e aplicativos não são substitutos do processo psicoterapêutico, mas sim, um enriquecimento da experiência. Não há prejuízo no contato pessoal com o psicoterapeuta e no espaço que se tem nas sessões para reflexões que envolvem de filosofia a memórias de infância e muitas outras dimensões. O paciente pode, por exemplo, utilizar o aplicativo para relatar diariamente vivências que ele está tendo, em vez de esperar até a sessão seguinte. Esse material é enviado ao psicoterapeuta que pode (no mesmo dia, no dia seguinte ou guardar para discutir na sessão) interagir com ele – para alguns pacientes essa prática é de suma importância. Nesse relato o paciente está ativando a psicoterapia todos os dias sem prejuízo da complexidade da experiência.

Como vemos, aconteceram mudanças na maneira como os psicólogos clínicos trabalham. Aquela figura antiga do psicoterapeuta que ficava à margem do rio deixando o paciente remar sozinho, e de vez em quando, dizendo alguma coisa, está cada vez mais raro. Hoje o psicoterapeuta é capaz de ficar na beira do rio inspirando o paciente a remar, mas se necessário ele entra no barco com o paciente e lhe ensina a remar, ou ainda, rema junto com ele. Há muitas possibilidades. Atualmente existem abordagens extremamente importantes para momentos difíceis do paciente, em que se rema junto com ele e depois em algum momento sai.

Para concluir, você pode encontrar no século XXI uma postura psicoterapêutica ativa. Psicólogos clínicos que vão trabalhar com amplos recursos sem prejuízo de profundidade e sendo capaz, numa relação de transparência, de compartilhar com o paciente desde o início de algumas hipóteses sobre o que pode estar acontecendo na vida dele e construir com esse paciente estratégias de mudanças e enfrentamentos que vão ser testadas de sessão a sessão. 


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