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assistência de enfermagem a parturiente com depressão pós-parto

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Trabalho 184<br />

Assistência <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> a <strong>parturiente</strong> <strong>com</strong> <strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong>: Revisão<br />

da literatura.<br />

Nursing care of parturients with postpartum <strong>de</strong>pression: review of the literature.<br />

Magald Cortez Veloso 1 ; Clarisse Cortez Sousa 2 ; Larissa Cortez Veloso 3<br />

RESUMO<br />

Revisão <strong>de</strong>scritiva <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> analisar trabalhos que enfocam o tema sobre a<br />

assistência <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> à <strong>parturiente</strong> <strong>com</strong> <strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong>. O levantamento<br />

se fez por meio da BVS (Biblioteca Virtual em Saú<strong>de</strong>) e SCIELO (Scientific Eletronic<br />

Library Online) no período <strong>de</strong> 2003 a 2010, usando os <strong>de</strong>scritores <strong>enfermagem</strong>,<br />

<strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong>, puerpério. Foram i<strong>de</strong>ntificadas 30 publicações e selecionadas<br />

13 para análise, por aten<strong>de</strong>rem aos objetivos do estudo. Os resultados apresentados<br />

afirmam que a <strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong> tem prevalência em torno <strong>de</strong> 10 a 20% das<br />

puérperas e os principais fatores <strong>de</strong> risco são ida<strong>de</strong> menor <strong>de</strong> 16 anos, situação<br />

sócio-econômica, ausência <strong>de</strong> aleitamento materno e problemas conjugais. É<br />

necessário que o enfermeiro, <strong>com</strong>o integrante da equipe multiprofissional <strong>de</strong><br />

assistência à saú<strong>de</strong>, conheça a prevalência e os fatores <strong>de</strong> risco da <strong>de</strong>pressão pós<strong>parto</strong>,<br />

dados extremamente importantes no planejamento e implementação <strong>de</strong> ações<br />

preventivas no intuito <strong>de</strong> promover um puerpério sadio.<br />

Descritores: <strong>enfermagem</strong>, <strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong>, puerpério.<br />

ABSTRACT<br />

Descriptive review with the aim of analyzing the issue papers that focus on nursing<br />

care to laboring women with postpartum <strong>de</strong>pression. The survey was done by the<br />

BVS (Biblioteca Virtual em Saú<strong>de</strong>) and SCIELO (Scientific Electronic Library Online)<br />

in the period 2003 to 2010, using the key words nursing, postpartum <strong>de</strong>pression,<br />

postpartum. 30 publications were i<strong>de</strong>ntified and selected 13 for analysis, meet the<br />

objectives of the study. The results presented argue that postpartum <strong>de</strong>pression has<br />

a prevalence of around 10 to 20% of the women and the risk factors are age below<br />

16 years, socio-economic status, lack of breastfeeding and marital problems. It is<br />

necessary that nurses, as part of multidisciplinary team of health care, learn about<br />

the prevalence and risk factors of postpartum <strong>de</strong>pression, very important data in<br />

planning and implementing preventive actions in or<strong>de</strong>r to promote a healthy<br />

postpartum.<br />

Keywords: nursing, postpartum <strong>de</strong>pression, postpartum<br />

1 Enfermeira. Especialista em Urgência e Emergência pelo IBPEX. Pós graduanda em Enfermagem<br />

do Trabalho pelo UNINTER. E-mail: magaldcortez@hotmail.<strong>com</strong>.<br />

2 Graduanda do 11º período <strong>de</strong> Medicina pela Faculda<strong>de</strong> NOVAFAPI.<br />

3 Enfermeira. Especialista em Urgência e Emergência pela Faculda<strong>de</strong> NOVAFAPI. Pós graduanda em<br />

Enfermagem do Trabalho pelo UNINTER.<br />

1761


Trabalho 184<br />

INTRODUÇÃO<br />

A gravi<strong>de</strong>z é um momento evolutivo fundamental do <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> feminina, em que há mudanças irreversíveis no ciclo vital feminino,<br />

durante o qual a mulher revive, elabora e resolve conflitos infantis. É um momento<br />

que se apresenta <strong>com</strong>o uma crise evolutiva e também <strong>de</strong> extrema vulnerabilida<strong>de</strong>. A<br />

gravi<strong>de</strong>z é um momento <strong>de</strong> reflexão do seu passado e <strong>de</strong> relançamento do seu<br />

futuro. Muitas mulheres durante a gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong>monstram sinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão, por<br />

vezes mascarados e confundidos <strong>com</strong> a sensibilida<strong>de</strong> e fragilida<strong>de</strong> atribuída à<br />

fisiologia própria da gravi<strong>de</strong>z (NASCIEMNTO, 2003).<br />

Posto isto, a <strong>de</strong>pressão, um dos transtornos mentais mais frequentes após o<br />

<strong>parto</strong>, é consi<strong>de</strong>rada sério e atual problema <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública, pela sua alta<br />

prevalência e pelo impacto negativo que exerce na estrutura e dinâmica familiar. A<br />

<strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong> (DPP), por não diferir qualitativamente da <strong>de</strong>pressão que<br />

ocorre em outras fases da vida, durante muitos anos não foi consi<strong>de</strong>rada entida<strong>de</strong><br />

clínica psiquiátrica distinta. Somente em 1994 a Associação Psiquiátrica Americana<br />

(APA) reconheceu a DPP <strong>com</strong>o um grupo específico <strong>de</strong> transtorno do humor,<br />

incluindo-a no "Manual Diagnóstico e Estatístico <strong>de</strong> Transtornos Mentais (DSM)" e<br />

<strong>de</strong>finindo-a <strong>com</strong>o a <strong>de</strong>pressão que tem início nas quatro primeiras semanas após o<br />

término da gestação, <strong>com</strong> duração <strong>de</strong> pelo menos duas semanas e que apresenta<br />

no mínimo cinco dos seguintes sintomas: humor <strong>de</strong>primido, anedonia, mudanças do<br />

apetite ou peso, insônia ou hipersonia, agitação ou retardo psi<strong>com</strong>otor, fadiga,<br />

sentimento <strong>de</strong> culpa ou inutilida<strong>de</strong>, capacida<strong>de</strong> diminuída <strong>de</strong> concentração,<br />

raciocínio ou in<strong>de</strong>cisão, e pensamentos recorrentes <strong>de</strong> morte (RUSCHI et al, 2009).<br />

Para Motta, Lucion e Manfro (2005), a DPP po<strong>de</strong> favorecer a ocorrência<br />

tanto <strong>de</strong> abuso quanto <strong>de</strong> negligência, principalmente quando os sintomas<br />

<strong>de</strong>pressivos forem persistentes. As mães <strong>de</strong>primidas mais freqüentemente mantêm<br />

um padrão <strong>de</strong> <strong>com</strong>portamento intrusivo ou retirado (ausente emocionalmente),<br />

danoso para a criança. A DPP é um transtorno <strong>de</strong>pressivo que ocorre tipicamente<br />

entre as 4 e 12 semanas após o nascimento do bebê.<br />

Frizzo et al (2010) evi<strong>de</strong>nciam que muitas vezes a <strong>de</strong>pressão é<br />

negligenciada pela própria mãe <strong>de</strong>primida, <strong>com</strong>panheiro e mesmo familiares, que<br />

1762


Trabalho 184<br />

po<strong>de</strong>m enten<strong>de</strong>r que os sintomas que ela apresenta <strong>de</strong>vem-se ao cansaço e<br />

<strong>de</strong>sgaste natural do processo do puerpério, causado pelo acúmulo <strong>de</strong> tarefas<br />

domésticas e pelos cuidados dispensados ao bebê. Dessa forma po<strong>de</strong>-se<br />

<strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r porque não é <strong>com</strong>um que a mãe <strong>de</strong>primida reconheça que seus<br />

sintomas são consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong>pressão, indicando a importância da família em ajudar<br />

a mulher a buscar ajuda quando ela não se sente bem após a chegada do bebê.<br />

De acordo <strong>com</strong> Cantilino et al (2010) no puerpério, período <strong>com</strong>preendido<br />

após o <strong>parto</strong>, ocorrem bruscas mudanças nos níveis dos hormônios gonadais, nos<br />

níveis <strong>de</strong> ocitocina e no eixo hipotálamo-hipófiseadrenal, que estão relacionados ao<br />

sistema neurotransmissor. Além das alterações biológicas, a transição para a<br />

maternida<strong>de</strong> é marcada por mudanças psicológicas e sociais. Confirmam ainda que<br />

no puerpério há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reorganização social e adaptação a um novo papel,<br />

a mulher tem um súbito aumento <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> por se tornar referência <strong>de</strong><br />

uma pessoa in<strong>de</strong>fesa, sofre privação <strong>de</strong> sono e isolamento social. Além disso, é<br />

preciso reestruturação da sexualida<strong>de</strong>, da imagem corporal e da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

feminina.<br />

Ao trabalhar <strong>com</strong> grávidas privilegiando a intervenção em grupo, este<br />

funciona <strong>com</strong>o suporte, contendo as ansieda<strong>de</strong>s e fomentando as trocas <strong>de</strong><br />

vivências e a reflexão sobre as mesmas. A interligação do falar, refletir e receber<br />

informação científica contribui para a redução dos medos e consequentemente para<br />

o alívio da ansieda<strong>de</strong> relativa à gravi<strong>de</strong>z. Quanto mais oportunida<strong>de</strong>s tiverem <strong>de</strong><br />

falar sobre a percepção que vão tendo das suas modificações, mais aumentam as<br />

suas hipóteses <strong>de</strong> adaptação (NASCIMENTO, 2003).<br />

Neste contexto, o enfermeiro profissional que, normalmente, está presente<br />

no atendimento às necessida<strong>de</strong>s da gestante e da puérpera, <strong>de</strong>ve estar atento a<br />

esses fatores <strong>de</strong> risco, <strong>de</strong> forma a prevenir o fracasso do estabelecimento do vínculo<br />

mãe-bebê. O conhecimento <strong>de</strong>sses fatores <strong>de</strong> risco pela equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> é<br />

fundamental para prevenir transtornos mentais na mãe. É importante ressaltar que a<br />

saú<strong>de</strong> do bebê <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do equilíbrio emocional da mãe e que o sucesso da<br />

formação <strong>de</strong> um vínculo saudável e consistente entre mãe e seu filho, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, em<br />

gran<strong>de</strong> parte, da assistência <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> prestada a ambos (MENDES;<br />

GALDEANO, 2006).<br />

Nascimento (2003) aponta, ainda, que os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dos<br />

cuidados primários e secundários <strong>de</strong>verão estar conscientes das mudanças sociais<br />

1763


Trabalho 184<br />

e do seu impacto nas perturbações perinatais, <strong>de</strong>verão também estar equipados<br />

para fornecer o saber no que diz respeito à prevenção e tratamento e <strong>de</strong>verão ter<br />

um papel <strong>de</strong> suporte, particularmente para os pais isolados socialmente.<br />

Diante do exposto, manifestou-se o interesse <strong>de</strong> investigar a assistência <strong>de</strong><br />

<strong>enfermagem</strong> à <strong>parturiente</strong> <strong>com</strong> <strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong>, <strong>com</strong> a pretensão <strong>de</strong> alcançar<br />

os seguintes objetivos:<br />

Fazer revisão da literatura nacional sobre a assistência <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> à<br />

<strong>parturiente</strong> <strong>com</strong> <strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong>.<br />

Descrever a prevalência e os fatores <strong>de</strong> riscos da <strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong>.<br />

O tema estudado surgiu da análise <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong> nem<br />

sempre é percebida a<strong>de</strong>quadamente pelos familiares e até mesmo pelos<br />

profissionais <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>. No entanto, merece maior atenção <strong>de</strong>stes<br />

profissionais que têm contato <strong>com</strong> essa população a ficarem atentos às<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> diagnóstico mais preciso, bem <strong>com</strong>o a possíveis intervenções <strong>com</strong><br />

essas pacientes.<br />

Esta pesquisa preten<strong>de</strong>, então, oferecer uma melhor <strong>com</strong>preensão da<br />

assistência <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> frente à <strong>parturiente</strong> <strong>com</strong> <strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong>,<br />

contribuindo para a i<strong>de</strong>ntificação da trajetória do seu <strong>de</strong>senvolvimento profissional e<br />

a maneira <strong>com</strong>o <strong>de</strong>ve atuar prestando, <strong>de</strong>sse modo, uma assistência eficaz <strong>de</strong><br />

<strong>enfermagem</strong>.<br />

METODOLOGIA<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma pesquisa bibliográfica, <strong>de</strong> caráter exploratório, <strong>de</strong>senvolvida<br />

<strong>com</strong> base em material já publicado sobre a temática assistência <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> à<br />

<strong>parturiente</strong> <strong>com</strong> <strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong>. Segundo Gil (2008), a pesquisa bibliográfica é<br />

<strong>de</strong>senvolvida <strong>com</strong> base no material já elaborado e tornado público, constituído por<br />

livros, principalmente artigos científicos, permitindo ao investigador uma cobertura<br />

<strong>de</strong> gama <strong>de</strong> informações dos fenômenos muito mais ampla do que a pesquisada<br />

diretamente.<br />

Realizou-se uma revisão dos materiais bibliográficos publicados, a partir das<br />

bases <strong>de</strong> dados BVS (Biblioteca Virtual em Saú<strong>de</strong>) e SCIELO (Scientific Eletronic<br />

1764


Trabalho 184<br />

Library Online), abrangendo publicações nacionais no período <strong>de</strong> 2003 a 2010,<br />

utilizando os seguintes <strong>de</strong>scritores em ciências da saú<strong>de</strong>: <strong>enfermagem</strong>, <strong>de</strong>pressão<br />

pós-<strong>parto</strong>, puerpério.<br />

A edificação <strong>de</strong> uma pesquisa bibliográfica e a organização do seu processo<br />

passa por etapas que <strong>de</strong>vem ser seguidas, sendo a primeira etapa <strong>de</strong>sse estudo a<br />

escolha do tema e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consultar fontes capazes <strong>de</strong> dar sustentação à<br />

pesquisa. Marconi e Lakatos (2003), neste sentido, ressaltam que a escolha do tema<br />

<strong>de</strong>ve ir ao encontro das inclinações, tendências e aptidões do pesquisado, por isso,<br />

merece ser investigado. O passo seguinte veio da leitura do material para seleção e<br />

análise.<br />

Após esta seleção, foram <strong>com</strong>pilados 13 artigos. Em seguida, a<br />

quantificação foi organizada e apresentada em tabela para melhor visualização dos<br />

resultados.<br />

A análise se fez pela construção subjetiva, conforme os focos apresentados<br />

nos estudos selecionados sobre a temática da assistência <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> à<br />

<strong>parturiente</strong> <strong>com</strong> <strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong> e, por último, a construção da conclusão obtida<br />

acerca dos trabalhos analisados.<br />

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS<br />

Em relação aos temas relacionados encontrados, observou-se que houve um<br />

predomínio dos trabalhos que abordavam a prevalência e os fatores associados à<br />

<strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong>. Estes dados po<strong>de</strong>m ser vistos no quadro a seguir:<br />

Temas Relacionados<br />

Número <strong>de</strong><br />

artigos<br />

Fatores I<strong>de</strong>ntificados<br />

Prevalência da<br />

<strong>de</strong>pressão puerperal<br />

Fatores <strong>de</strong> riscos da<br />

<strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong> 9<br />

9<br />

Entre 10 a 20% das mulheres<br />

Ida<strong>de</strong>


Trabalho 184<br />

A <strong>de</strong>pressão, um dos transtornos mentais mais frequentes após o <strong>parto</strong>, é<br />

consi<strong>de</strong>rada sério e atual problema <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública, pela sua alta prevalência e<br />

pelo impacto negativo que exerce na estrutura e dinâmica familiar (RUSCHI et al,<br />

2009).<br />

Segundo Zinga, Phillips e Born (2005), oito <strong>de</strong> cada 10 mulheres po<strong>de</strong>m<br />

apresentar a melancolia da maternida<strong>de</strong>, um transtorno transitório do humor<br />

tipicamente marcado por labilida<strong>de</strong> do humor, momentos <strong>de</strong> choro, irritabilida<strong>de</strong> e<br />

transtorno do sono, que perdura cerca <strong>de</strong> duas semanas após o <strong>parto</strong>. Em algumas<br />

mulheres, os sintomas <strong>de</strong>pressivos não se resolvem e persistem, levando à<br />

<strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong>.<br />

Dentro <strong>de</strong>sta ótica, muitos pesquisadores <strong>de</strong>svelam:<br />

A prevalência da DPP varia entre 10% e 20%; essa taxa po<strong>de</strong> variar<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da cultura, do período e do método utilizado no diagnóstico. No Brasil<br />

foram encontradas taxas <strong>de</strong> 7,2% a 43%. Essa gran<strong>de</strong> variação, provavelmente,<br />

<strong>de</strong>ve-se a fatores culturais e aos instrumentos utilizados para o diagnóstico<br />

(CANTILINO et al, 2010).<br />

Posto isto, a alta prevalência <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong> encontrada reforça seu<br />

significado <strong>com</strong>o problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, exigindo estratégias <strong>de</strong> prevenção e<br />

tratamento. O a<strong>com</strong>panhamento cuidadoso <strong>de</strong> mães, em especial as <strong>de</strong> baixa renda,<br />

por meio <strong>de</strong> ação integrada que leve em conta as variáveis associadas à <strong>de</strong>pressão,<br />

po<strong>de</strong> prevenir graves problemas pessoais e familiares que <strong>de</strong>correm da DPP<br />

(MORAES et al, 2006).<br />

A fase puerperal correspon<strong>de</strong> a um momento importante da vida da mulher,<br />

lembrando que a mesma passa por mudanças biológicas <strong>com</strong>o também<br />

transformações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m subjetivas. Sendo assim, os riscos para o aparecimento<br />

dos transtornos aumentam em face das preocupações, anseios e planejamentos<br />

realizados e sentidos pela puérpera (SILVA e BOTTI, 2005).<br />

Os principais fatores <strong>de</strong> risco para <strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong> são a falta <strong>de</strong><br />

a<strong>de</strong>quado suporte social, problemas conjugais, dificulda<strong>de</strong>s econômicas, mudanças<br />

bioquímicas e hormonais, gravi<strong>de</strong>z não <strong>de</strong>sejada, <strong>com</strong>plicações obstétricas,<br />

1766


Trabalho 184<br />

ausência <strong>de</strong> aleitamento materno, ida<strong>de</strong> inferior a 16 anos, história <strong>de</strong> transtorno<br />

psiquiátrico prévio, eventos estressantes experimentados nos últimos 12 meses, a<br />

condição <strong>de</strong> solteira ou divorciada, e situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego (FONSECA;<br />

TAVARES; RODRIGUES, 2009).<br />

Fonseca, Silva e Otta (2010), em gran<strong>de</strong> parte das culturas e nas diversas<br />

áreas geográficas, os fatores <strong>de</strong> risco para o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> um quadro<br />

<strong>de</strong>pressivo no pós-<strong>parto</strong> são semelhantes: perda significativa, estresse, episódio<br />

<strong>de</strong>pressivo prévio, gravi<strong>de</strong>z in<strong>de</strong>sejada, dificulda<strong>de</strong>s para lidar <strong>com</strong> o bebê <strong>de</strong>vido ao<br />

temperamento <strong>de</strong>ste ou a doenças, conflito marital, baixo apoio social e dificulda<strong>de</strong>s<br />

econômicas.<br />

Silva e Botti (2005) afirma que o conhecimento dos fatores <strong>de</strong> risco da<br />

Depressão Pós-Parto são extremamente importantes no planejamento e<br />

implementações <strong>de</strong> ações preventivas. Aponta <strong>com</strong>o medidas preventivas dos<br />

transtornos <strong>de</strong>pressivos puerperais o máximo <strong>de</strong> apoio emocional e físico durante a<br />

gravi<strong>de</strong>z, <strong>parto</strong> e puerpério (obstetra, <strong>enfermagem</strong> e pediatra); o máximo <strong>de</strong> apoio<br />

emocional da família, amigos e <strong>com</strong>panheiro; discussão <strong>com</strong> o <strong>com</strong>panheiro a<br />

respeito da importância da esposa se sentir amada e segura; e encaminhamento da<br />

mãe <strong>com</strong> risco elevado para <strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong> para aconselhamento ou<br />

psicoterapia.<br />

O enfermeiro, no atendimento às gestantes e puérperas, <strong>de</strong>ve estar atento<br />

aos fatores <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong>, <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> prevenir e i<strong>de</strong>ntificar<br />

precocemente o indicativo <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão e favorecer o estabelecimento do vínculo<br />

mãe-bebê. Contudo não se observa rotineiramente nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> o<br />

rastreamento do indicativo <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong>. Desta forma, essa experiência,<br />

vivida subjetivamente pela mulher é por vezes invisível aos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

A<strong>de</strong>mais, quando as mulheres ou familiares buscam tratamento, um quadro mais<br />

grave po<strong>de</strong> estar instalado (FONSECA; TAVARES; RODRIGUES, 2009).<br />

Nascimento (2003), explica também que a enfermeira, ao apoiar-se em<br />

<strong>com</strong>portamentos e atitu<strong>de</strong>s que se baseiam na proximida<strong>de</strong> <strong>com</strong> a <strong>parturiente</strong>, tem<br />

acesso privilegiado e por vezes facilitado para a <strong>de</strong>tecção precoce <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong><br />

risco da <strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong>.<br />

1767


Trabalho 184<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Analisando os dados <strong>de</strong>sse estudo, po<strong>de</strong>-se inferir a importância do preparo<br />

técnico e científico do profissional <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> para aten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s da<br />

púerpera e, <strong>de</strong>ssa forma, amenizar as interferências negativas na formação do<br />

vínculo afetivo. É importante ressaltar que o enfermeiro <strong>de</strong>ve estar preparado não só<br />

para i<strong>de</strong>ntificar os fatores <strong>de</strong> risco ou para satisfazer as necessida<strong>de</strong>s da puérpera,<br />

mas também para i<strong>de</strong>ntificar os fatores <strong>de</strong> riscos associados à <strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong>.<br />

Faz-se necessário a atuação do enfermeiro para o rastreamento precoce da<br />

<strong>de</strong>pressão pós-<strong>parto</strong> por meio da i<strong>de</strong>ntificação dos seus fatores <strong>de</strong> risco, <strong>de</strong> ações<br />

preventivas e do encaminhamento precoce <strong>de</strong> puérperas <strong>com</strong> indicativo.<br />

A equipe <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong>ve estar atenta a esses fatores <strong>de</strong> risco, <strong>de</strong><br />

forma a i<strong>de</strong>ntificá-los precocemente e implementar medidas que auxiliem na<br />

promoção <strong>de</strong> um puerpério emocionalmente sadio à nova mãe e, assim, garantir a<br />

formação do vínculo e do afeto, tão fundamentais para o <strong>de</strong>senvolvimento do bebê.<br />

O trabalho preventivo da <strong>enfermagem</strong> nesse período po<strong>de</strong> proporcionar à<br />

nova mãe o apoio <strong>de</strong> que necessita para enfrentar os eventuais episódios <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pressão. Mais do que isso, o atendimento precoce à mãe <strong>de</strong>primida representa a<br />

possibilida<strong>de</strong> da prevenção do estabelecimento <strong>de</strong> um padrão negativo <strong>de</strong> interação<br />

<strong>com</strong> o bebê, o qual po<strong>de</strong> trazer importantes repercussões para o seu<br />

<strong>de</strong>senvolvimento posterior.<br />

Consi<strong>de</strong>rando essa análise, cada dia a enfermeira torna-se um elemento<br />

bastante necessário à nova mãe e ao bebê a fim <strong>de</strong> que haja oscilações ou dúvidas<br />

quanto aos cuidados visíveis para uma <strong>com</strong>pleta harmonia entre esses sujeitos.<br />

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Janeiro, v. 26, n. 4, abril 2010. Disponível em: http://www.scielo.br. Acesso em:<br />

25.04.2011.<br />

1768


Trabalho 184<br />

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1769


Trabalho 184<br />

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